Inúmeros são os motivos que nos fazem optar entre correr na rua ou na esteira. Para quem está iniciando um treino, correr na esteira pode ser mais recomendado, pois proporciona um ambiente seguro e controlado, além de oferecer menos impacto que a rua, que pode variar em até 30% dependendo do equipamento utilizado.
Segundo Maurício Póvoa Barbosa, ortopedista e médico do esporte da Clínica Orthobone, a adaptação muscular da corrida feita na esteira, se torna mais suave do que na rua. Uma pessoa que está começando treinar na rua ficaria de três a quatro semanas entre caminhadas e trotes leves para obter uma adaptação neuromuscular antes de correr efetivamente, na esteira duas semanas são suficientes.
O treinamento em esteira nos possibilita ter total controle do que está acontecendo durante o treino, como gasto calórico, frequência cardíaca, velocidade e inclinação. E um treino intervalado ou fartlek onde você corre 2 minutos forte e 2 fracos, por exemplo, você pode estar controlando a distância, sabendo exatamente que distância percorreu em cada intervalo, podendo assim verificar se está conseguindo manter o esforço proposto.
Além de ter total controle sobre o treino, outra vantagem que a esteira proporciona é em relação ao ritmo, uma vez que podemos achar o ritmo certo para cada distância e nos mantermos nele. A esteira nos da essa noção e manutenção de ritmo, pois nos informa a todo o momento o que está acontecendo. Outro fator importante é em relação ao piso, pois na esteira não se encontram irregularidades e com o amortecimento do equipamento fica mais difícil se machucar.
Correr na rua é diferente de correr na esteira em muitos aspectos, o principal deles é que na rua precisamos empurrar o chão para vencer a inércia e a resistência do ar e mover nosso corpo para frente, enquanto na esteira o tapete move-se sob nossos pés, e tudo que temos de fazer é nos manter no centro da esteira. Com isso a intensidade e a aplicação da força são maiores na rua do que na esteira.
Maurício aponta algumas diferenças:
RUA
Centro de gravidade: as pernas criam forças propulsivas que aceleram o centro e o movem para frente. O centro de gravidade é deslocado a cada passada, enquanto a perna está indo a frente para impulsionar o centro novamente.
Resistência do vento: representa um esforço até 10% maior.
Músculos:têm a função de criar forças propulsoras. Trabalha-se mais a musculatura posterior da coxa do que a corrida na esteira, já que é preciso empurrar o chão para baixo e para trás.
Ritmo: oscila de acordo com a inclinação das ruas e o cansaço do corredor.
Consumo de oxigênio: até 10% maior do que na esteira, graças à resistência do ar e o maior trabalho muscular.
Apoio: o pé de apoio desloca-se mais rápido do chão.
Passadas: são mais curtas.
ESTEIRA
Centro de gravidade: fica estático, levando a perna para trás. Para manter a estabilidade o corredor move a perna de apoio para frente do centro de gravidade.
Resistência do vento:não há.
Músculos: a função é reposicionar as pernas pata frente e manter o centro estável. Trabalha-se mais o quadríceps, que puxa a perna para gente.
Ritmo:constante, ditado pela esteira.
Consumo de oxigênio:menor do que correr na rua no mesmo ritmo.
Apoio: o tempo que a perna de apoio fica no chão é maior do que na rua.
Passadas:são mais longas.
Vale lembrar que as duas formas de treino ajudam no desenvolvimento da corrida e de sua saúde. |